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Desde que comecei a trabalhar, ando frustrada com minha falta de tempo e disposição pra fazer coisas legais. Há meses que planejo passeios, trilhas e viagens que nunca acontecem. Quando chega o fim de semana, acabo gastando as horas livres em programas leves – que muitas vezes envolvem ficar em casa.

Demorei pra perceber que isso não significa que minha vida esteja ruim; pelo contrário, tenho um trabalho que me realiza e estou cercada de pessoas que amo. O que estava errada era a minha concepção de “coisas legais”. Não preciso ir até a Praia do Rosa pra ser feliz – alguns minutos com a Matilda dormindo no meu colo podem ter o mesmo efeito. 

Foi por isso que comecei, meio atrasada, um novo projeto pra 2014. Vou escolher uma foto por dia de algum momento que tenha tocado meu coração e me feito lembrar de que a vida é boa. Aqui vão as primeiras:


09/01/14 – quinta-feira: Dudu surfando numa manhã cinzenta.


10/01/14 – sexta-feria: Matilda super atenta no caminho pro veterinário.


11/01/14 – sábado: encontramos um lugar delicioso pra almoçar, depois de descobrir que muitos restaurantes fecham no sábado.


12/01/14 – domingo: me despedindo da Matilda antes de ir trabalhar – e morrendo de saudades dela o dia todo.


Floripa no fim de ano é o oposto da tranquilidade. De repente, a população da cidade dobra e o caos está instaurado. Todo ano isso acontece – e todo ano parece pior.

Numa bela manhã, fomos ao centro resolver pendências e ficamos mais de uma hora no trânsito. À tarde, passamos no supermercado, e as filas do caixa entravam pelos corredores. Chegando em casa, nos avisaram que faltava água – sem previsão pra voltar. Em nosso restaurante favorito, descobrimos que todos os preços tinham aumentado. E à noite acabou a luz. 

Dormimos rindo da nossa desgraça – enquanto suávamos de calor e éramos picados por uma nuvem de mosquitos.

Apesar das adversidades, foram seis dias de folga muito bem aproveitados. O ano terminou testando nossa paciência e começou nos ensinando uma lição: que, com bom humor, a vida pode ser bem mais divertida.








24 de dezembro, 23h00:

Sou a última pessoa a sair do jornal. Depois de ter trabalhado em 14 dos últimos 16 dias, não vejo a hora de deitar na minha cama.

Uma música triste no carro desperta um choro contido. Lágrimas e soluços me acompanham por todo trajeto. Apertados no meu peito, estão a saudade da minha família e a gratidão pelo que me espera em casa.

Dudu e Matilda me recebem na porta. Da cozinha vem um cheiro delicioso. Improvisamos a mesa na sala e desfrutamos um salmão com molho de mostarda, acompanhado por batatas no forno com alecrim.

Chega a hora dos presentes. Enquanto eu e Dudu fingimos não saber o que íamos ganhar, a alegria da Matilda ao abrir o seu encerra a noite com chave de ouro.

Meia hora depois, a louça está empilhada na pia e nós três dormimos profundamente no quarto – satisfeitos com o nosso breve natal.


um presente pra cada


o salmão delícia do Dudu


nós três

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