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Eurotrip #1 – Pra começar bem

(6 de julho de 2010 – Porto, Portugal)

Eram 7h30 da manhã e – depois de um táxi e um trem – entramos no metrô pra última etapa do caminho até o aeroporto. Estávamos os dois tão tensos que não conseguíamos nem olhar um pra cara do outro. Já tínhamos viajado antes, mas dessa vez a chance de algo dar errado era muito maior.

Chegamos e fomos fazer o check in. Todos os guichês estavam desertos, mas no nosso a fila fazia curvas. “Tudo bem”, pensei eu, “na Ryanair quase ninguém despacha bagagem, então vai ser rapidinho”. Foi aí que avistei um grupo de 3 famílias, cada uma com no mínimo 4 filhos, 6 malas e 2 carrinhos de bebê. Ai, ceús…

Depois de quase uma hora, deu tudo certo. Passaportes: ok, bilhetes: ok, e mochilões dentro do limite de tamanho.”Agora estamos quase na sala de embarque. Uma vez lá dentro, aí sim poderemos relaxar!”, pensei.

Não tão cedo.

Eis que na saída do raio-X, o segurança me chama: -Senhora, precisamos verificar a sua bagagem – disse ele, muito sério. -Tá… – respondi, tentando ficar tranquila. -Na tela aparece um objeto pontiagudo de metal maçico – disse ele, ainda muito sério. “Ai, Jesus, será que alguém escondeu uma arma no meu mochilão?”, pensei, já bem nervosa. Tremendo, fui tirando tudo de dentro – e o homem só olhando –, mas não havia nada  de estranho. Muito menos uma arma. -Moço, não tem nada aqui… – disse eu, com voz de inocente. Ele então me mostrou na tela o tal objeto. Pra mim era só um traço… Fiz cara de confusa. -A senhora não está carregando uma faca, ou uma tesoura, ou uma caneta? “Uma caneta!? Ele tá falando sério?” – pensei indignada – “Que mal eu posso fazer com uma caneta? Rabiscar a mesinha do avião?” Tirei de dentro dum estojo a caneta que minha vó havia me dado e entreguei pra ele, meio incrédula. -Hum… – disse o homem, enquanto analisava o objeto com cara de quem solocionou um mistério – Está explicado.

Aparentemente, a caneta era feita de ouro e prata maciços e por isso acusava no raio-X. Saí aliviada por ter sido liberada e aflita por agora ter que me preocupar em não perder a benedita. Preferia quando achava que era de latão…

Como ainda tínhamos um tempinho, fomos andando lentamente. Agora que estávamos na sala de embarque, podíamos relaxar.

Não tão cedo.

Acontece que o nosso portão era o 14, e nós seguimos uma placa que indicava o de número 13 – achando que logicamente o 14 deveria ser o do lado. Não em Portugal. Quando chegamos no 13, descobrimos que o 14 era simplesmente no outro extremo do aeroporto.

Enquanto corria – com o mochilão batendo nas minhas costas – percebi que não haveria tempo pra relaxar. Afinal, seriam 14 cidades, 7 países, 11 trens, 2 aviões e 8 albergues em 22 dias!

Relaxar? Agora só no Brasil. Que comece a aventura!


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