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a chegada






(o Dudu me deu de presente esse colar que fez com as meninas do Volver. Uso praticamente todos os dias! )



Passei um mês pensando no que poderia dar errado. É assim que espero pelos momentos mais felizes da minha vida: me esforçando pra que aconteçam e me preparando pro contrário.

Sabia dos riscos – li muitas histórias de deportados -, e sabia que tinha feito o que estava ao meu alcance. Mas me dava ânsia de vômito pensar que não dependia de mim tornar aquele dia imensamente feliz ou terrivelmente triste – e sim do agente de imigração.

“Tô nervosa”, avisei minha família assim que chegamos ao aeroporto – como se ainda não tivessem percebido. Eles sugeriram que sentasse pra tomar um café, e concordei. Afinal, ficar nervosa não ia adiantar nada – e não queria desenvolver uma úlcera.

Mas, nem cinco minutos depois, lá estava eu no portão de desembarque. “Ele vai demorar, Iana. Tudo bem. Isso não quer dizer que não vai chegar.” – repetia pra mim mesma, como um mantra. Já estava mais calma quando, pro meu espanto, ele aparece na minha frente. Passei por baixo da grade, e nos abraçamos.

Naquele momento, a ansiedade, a dor de barriga e o aperto no peito deram lugar a uma alegria imensa. Tudo que precisava estava ali. Tinha esquecido de como ele era maior que eu, de como cheirava bem e de como era fácil estar com ele – ainda mais que estar sozinha.

Ontem fez um mês que ele chegou, e é incrível como esse mês passou mais rápido que os outros em que ele não estava. E é por isso que entendo o espanto quando digo que estamos juntos há mais de sete anos. Realmente, sete anos é bastante tempo pra muitas coisas, mas nunca pra se estar com quem se ama. Pra isso não há limites.

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