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decidir casar

Sentada no carro, na volta de um almoço de família, olhei pro horizonte e me imaginei vestida de noiva. Noiva? É isso mesmo? Justo eu, que nunca sonhei em casar e que já me considerava casada?


Coloquei a ideia de lado, mas ela insistia em voltar – e eu insistia em a reprimir: “Iana, você e o Dudu estão juntos há anos, dividem a mesma casa e têm chão pra limpar, cachorro pra cuidar e contas pra pagar. Pra que casar?”. Mas não adiantava. Semanas passaram e a ideia de celebrar o amor era cada vez mais forte.


Até que um dia ela escapuliu: “Dudu, e se a gente casasse?”.


Não me surpreendi com o olhar de espanto que ganhei em retorno. Também já esperava as perguntas que vieram a seguir: “mas a gente não é casado?”, “mas você quer casar?”, “mas pra que casar?”. Apesar de já ter me feito esses questionamentos inúmeras vezes, só consegui responder: “não sei…”.


E eu realmente não sabia. Estava tudo ótimo do jeito que estava. Não existiam questões burocráticas que justificassem um casamento, nossas famílias nunca nos pressionaram e não pertencíamos a nenhuma religião. Na prática, casar não mudaria absolutamente nada – mas havia uma vontade difícil de ignorar.


Nos próximos meses, conversamos sobre a nossa relação, responsabilidades, planos e parceria. Às vezes, eu tinha certeza que queria casar e acusava o Dudu de não querer – às vezes, ele queria e se confundia por eu não querer mais. A cada conversa, a gente se entendia e se desentendia – e nos fortalecíamos como casal.


Concluímos que casar só faria sentido se representasse algo além do âmbito religioso, social e jurídico – algo de um nível mais sutil. Concordamos que um casamento seria, sim, importante para nos fortalecermos como família. Casar significaria a consagração dessa união que construímos com tanto cuidado, carinho e dedicação.


Olhando para trás, não consigo apontar o momento em que dissemos “sim” um ao outro. Foi um processo conquistado por nós dois. Por um tempo, achei que a forma como decidimos casar desqualificava nosso casamento – “se está sendo tão difícil, será que é um sinal para não ser?”. Hoje vejo a beleza e importância de termos vivido essa experiência juntos.


No fim das contas, decidir casar foi bem menos romântico, espontâneo e simples do que eu imaginava. Não teve pedido de joelhos, anel de noivado ou champanhe. Não foi mágico, não foi de cena de filme, nem certeza divina. Mas envolveu muita transformação e amadurecimento – e, o principal, muito amor.


( aquela foto lá em cima foi a que tiramos pro nosso convite de casamento ❤ )

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