Olhei pro bloco de madeira e pensei: não vou conseguir.
Comecei a esculpir com o mínimo de força – já que não ia terminar mesmo… Ao meu lado, 22 mulheres trabalhavam vigorosamente. Eu admirava o progresso delas e fitava meus braços finos – com pena de mim mesma: se eu não fosse tão fraquinha…
Até que um dia, numa tarde de calor absurdo, senti raiva. Raiva do suor, do martelo pesado, da ferramenta desafiada, do barulho enlouquecedor. E bati com força – uma força que nem sabia ter. A cada batida, a raiva crescia e se somava a raivas reprimidas, até explodir em meu peito.
E, no vazio que se criou, nasceu resiliência. Daí em diante, cavei com ritmo e constância até terminar. No fim, ainda sobrou tempo para lixar. Mas preferi assim: torto, imperfeito e com as marcas da minha superação.
(fiz essa gamela em uma semana, durante o quinto módulo do curso de formação em Pedagogia Waldorf.)
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