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eu virtual

Não estou dando conta de ser real e virtual.


Tento produzir conteúdos elaborados pro blog, mas, infelizmente, tal meta não condiz com meu dia-a-dia de trabalho e cuidados da casa. Escrevo posts na minha cabeça, faço listas de assuntos e imagino fotos que não tirei. Coloco a expectativa muito alta e, por não conseguir alcançá-la, travo e não produzo nada.


Não vejo problema em não produzir nada no mundo virtual – afinal, trabalhar e cuidar da casa no mundo real já é o suficiente. O problema é que quero produzir. Gosto de escrever, fotografar e compartilhar. O que atrapalha é meu nível de exigência – achar que só vale postar aquilo que foi muito pensado, elaborado e aprimorado.


Quando comecei esse blog, apertava o botão “publicar” sem pestanejar. Hoje, há quem faça disso sua profissão – e, de repente, o negócio ficou sério. Vir aqui e compartilhar qualquer coisa parecia bobo e inútil, quando há textos mais bem escritos, fotos melhores e vidas mais interessantes a um clique de distância.


Isso me fez refletir porquê ainda mantenho esse blog. Meu objetivo não é apenas criar um álbum de recordações – muito menos ser uma “celebridade virtual”. Eu gostaria é de fazer parte do que tanto me inspira na internet: essa troca de vivências, experiências e informações, que é tão rica e diversa.


Mas, se me esforço para ser eu mesma na vida real, por que é ainda mais desafiador ser eu mesma na vida virtual? Talvez a resposta esteja na “vida perfeita” das redes sociais. É fácil se sentir inadequado quando todos parecem tão bonitos, divertidos e inteligentes na tela do celular ou computador…


Pois me proponho a vir aqui e ser imperfeita. Me proponho a falar o que está preso na garganta e o que vem do coração. Me proponho a pensar menos e agir mais. Me proponho a publicar as receitas simples, os passeios modestos, as emoções vulneráveis e as fotos fora de foco. Me proponho a ser eu – e nada mais.


E, se ainda gosto de acompanhar os devaneios dos outros, quem sabe alguém gostará de acompanhar os meus também. Não em busca de aprovação, ou admiração, mas de trocas sinceras. E, quem sabe assim acrescentarei algo na vida dessa pessoa – como tantas acrescentam na minha.


Obrigada por estar aqui.

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