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Já havíamos ido à praia no País de Gales, mas faltava conhecer uma em terras inglesas. A sugestão era sempre a mesma: Weston-super-Mare, a 40 minutos de Bristol.

Até o final do século 18, a hoje popular cidade litorânea tinha menos de mil habitantes. Nessa época, médicos começaram a exaltar os benefícios de banhar-se em água salgada – uma prática incomum até então.  Em 1789, o rei George III entrou no mar na cidade de Weymouth – ao som “God Save the King” -, e a moda rapidamente se espalhou pelo Reino Unido.

Em pouco tempo, Weston-super-Mare passou de pequeno vilarejo a destino turístico, atraindo moradores de populosas cidades vizinhas. Banhistas eram levados até dentro da água pela “bathing machine” – uma casinha de madeira sob rodas, na qual trocavam a roupa de banho e mergulhavam discretamente no mar.

Chegamos lá em uma nublada manhã de outono, e demorei a acreditar que era o lugar certo. A areia parecia lama e o mar tinha cor de chocolate quente. A maré estava tão baixa que ia longe depois do pier. A cidade é charmosa, e os muitos restaurantes à beira mar são prova de que recebe turistas no verão – só achei difícil imaginar que viessem por causa da praia.

Em cima do pier tem um parque de diversões indoor. Dançamos na máquina, nos perdemos no labirinto de espelhos, assistimos a um filme 4D e ficamos tontos no carrinho de bate-bate. Na primeira tentativa, a Nina ganhou um ursinho no brinquedo de pegar bichinhos de pelúcia. Empolgados com nossa sorte, tentamos mais umas dez vezes, mas, realmente, tinha sido apenas sorte.

Já de noite, na saída do parque, ouvi barulho de ondas. Era o mar, que finalmente havia subido – depois descobri que a variação da maré em Weston-super-Mare é uma das maiores do mundo! Iluminada pelas luzes da cidade, a praia parecia até bonita. E no fim, fui embora já pensando em voltar. Quem sabe da próxima vez no verão. 🙂











Assim que começou o outono, ficamos todos gripados. E, pela primeira vez na Inglaterra, passamos um fim de semana inteiro sem sair de casa.

Achei que não ia dar muito certo: cinco pessoas dentro de um apartamento pequeno, sem televisão nem internet, durante dois dias inteiros. “O que vamos ficar fazendo?”, pensei. Por melhor que seja nossa convivência, esperei a hora que ia querer sair correndo pela rua, tomar um ar, ficar sozinha um pouco. Mas ela não chegou.

Domingo à noite, percebi que não ter televisão nem internet fez toda diferença. E pra melhor! Aquela vontade de sair correndo normalmente vem depois de um dia “fazendo nada” em frente a uma tela. O que não sabia, ou não lembrava, era que “fazer nada” na companhia da família pode ser muito mais divertido.

Todos os sites que não entrei, e todos os canais que não troquei, me deram tempo pra aprender crochê, ler, cozinhar, dançar na sala e dar muitas risadas. As horas e as conversas fluíram facilmente. E foi assim que curamos nossa gripe – com livros, lã, desenhos e pessoas queridas.

Ah! E própolis. Muito própolis. 🙂


Quando pequena, queria ter as mãos do meu pai – finas, compridas e elegantes. Mas, no fundo, sabia o que o futuro me reservava: os dedos curtos e gordinhos da minha mãe…

Ainda adolescente, tentei lutar contra o destino. “Quem sabe se eu deixar as unhas crescerem? Ou se não fizer trabalhos manuais?”. Mas não teve jeito: os anos foram passando e os dedos engordando.

Houve um momento em que desencanei, e ultimamente tenho me surpreendido num estado de admiração. Esses dias, enquanto contemplava a absurda semelhança entre nossas mãos, dei risada e pensei: “espero que um dia as minhas saibam fazer coisas tão maravilhosas quanto as dela”.

As lindas pinturas, as deliciosas comidas e os melhores carinhos do mundo. 🙂

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