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Eu tava precisando de um lugar pra guardar minha bolsa. Ela ficava zanzando pelo quarto – da cama pra cadeira, da cadeira pra escrivaninha, da escrivaninha pro chão -, e isso me incomodava, sabe? Acho que todo mundo deve ter um cantinho pra chamar de seu… Até uma bolsa!

Só que eu não queria um daqueles cabideiros grandes, porque sei que eles são imãs de bagunça. Dão a impressão de que ajudam a organizar, quando, na verdade, a gente coloca tanta coisa ali que nem lembra do que tá por baixo…

Foi então que eu vi na revista Vida Simples uma ideia bem… simples!

É só fixar um puxador na parede e, tchanan!, você tem um cabideiro. E o mais importante: com espaço pra só uma coisa. Nada de acúmulo de tralhas!

Você só precisa de: -puxadores -bucha para fixar os puxadores na parede – de acordo com a espessura do parafuso do puxador -furadeira

Tenho que admitir que não gostei nada da parte da furadeira… Ela não é nada feminina: grande, pesada e feia… Quando eu achar uma que eu consiga pelo ao menos segurar sem tremer, conquistarei minha independência como mulher.

Enfim, a parte da furadeira eu pedi pro meu pai fazer… Mas o resto é bem simples mesmo!

Ah, os puxadores eu comprei no centro numa loja de materiais de contrução. Cada um custou 4 reais. 🙂

(algum dia de janeiro de 2009 – Colorado, EUA)

05h08 o despertador tocou. Lá fora tudo era escuro, silêncio e muita neve. O que aconteceria na próxima hora já estava tão automático que ela poderia fazer ainda dormindo.

Tirou o pijama e entrou no banho. Lavou os cabelos e depois secou. Vestiu as meias, a meia-calça, a calça térmica, a blusa térmica, um suéter de lã e a camisa do uniforme. Calçou as pantufas e foi pra cozinha.

Os outros 7 habitantes da casa ainda dormiriam por mais pelo ao menos 2 horas…

Ligou a cafeteira e esquentou o leite. Preparou um oatmeal e duas torradas com manteiga, queijo e mel. A fome que ela sentia por lá era inexplicável. O que, por sua vez, explicava os 6 kilos ganhos em menos de 2 meses…

Lavou a louça e voltou pro quarto. Escovou os dentes e vestiu mais uma calça e mais um casaco. Calçou as botas e pegou a bolsa.

Deu um beijo no namorado – que dormia profundamente do outro lado da cama. Ele acordou o suficiente só para resmungar algo parecido com “bom dia, amor”. Há 4 horas atrás, foi a vez dele chegar do trabalho e ela acordar o suficiente só para resmungar algo parecido com “boa noite, amor”.

Antes de sair, vestiu mais o casaco impermeável, o cachecol, o gorro, o chapéu e dois pares de luvas.

Seus pés afundavam na neve enquanto caminhava – era muito cedo e o snowcat ainda não havia passado limpando as calçadas. A altitude de 3 mil metros a fazia ofegar como se estivesse correndo uma maratona; e, aos poucos, as únicas partes descobertas de seu corpo começaram a formigar.

Chegou no ponto às 06h08 e chorou. Dessa vez não foi de saudades. Era o frio que fazia as lágrimas escorrerem, gelando suas bochechas.

Entrou no ônibus já lotado de mexicanos – que dormiam feitos galinhas empoleiradas. Enxugou o rosto e sorriu. Essa com certeza estava sendo a experiência mais diferente de sua vida. E era exatamente isso que ela queria.

“Hum, eu acabei de almoçar… Mas até que um cafézinho ia bem agora!”

Sempre tenho uma boa desculpa pra entrar no Uai di Minas. Se não é o cafézinho,  é o pão de queijo, o cappuccino ou o bolo de cenoura. Ah, o bolo de cenoura! Molhadinho, macio, com uma grossa cobertura de chocolate… (suspiros).

“Se ocê num vai a Minas, ela vem inté ocê” – Esse é o lema do armazém onde se pode encontrar as delícias da culinária mineira sem sair de Floripa. Destaque pro café no bule, pro copinho de doce de leite e pro legítimo pão de queijo mineiro, feito da forma mais tradicional.

No almoço eles servem comida caseira feita no fogão a lenha. Cada dia é um prato principal diferente. Quinta à noite tem jazz e comidinhas de boteco, e na sexta tem canja.

E se quiser levar um pouco do gostinho mineiro pra casa, lá tem goiabada, geléias, pó de café, pamonha e as melhores cachaças produzidas no Brasil.

Mas nada me faz sentir mais em Minas do que o sotaque dos funcionários. Sim, eles também são mineiros! “Ocê qué qui eu esquente um bocadim?” – me pergunta a moça quando eu peço um pão de queijo.

A única coisa que não veio de Minas é o Guaraná Antártica e a cerveja Eisenbahn. Ah, e também a  filha do casal que fundou o Uai. A Alice nasceu em Floripa e tá sempre por lá comendo suas papinhas de frutas. 🙂

Além do bolo de cenoura, o visual da Rua Osni Ortiga – caminho pra quem vem da Lagoa – é um dos motivos pelos quais eu gosto tanto de ir lá.


Uai di Minas fica na Geral do Rio Tavares, 1167 – Porto da Lagoa – junto à Pousada do Ilhéu. telefone: (48) 3334 0094.

Eles também tem uma filial no centro de Floripa, na Rua Bocaiúva.

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