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inspira, expira

No domingo passado, a Alice voltou de São Paulo com uma gripe violenta: febre que não baixava, garganta trancada, dor no corpo todo e vômitos pela madrugada. Talvez fosse uma virose qualquer, mas as notícias alarmantes sobre o H1N1 nos deixaram apreensivos.

A Nina veio ficar comigo e com o Dudu, e meus pais montaram uma enfermaria em casa. A cada hora, eu ligava para saber novidades – que alternavam entre boas e ruins. Me sentindo impotente, acendi uma vela e pedi aos meus anjos que cuidassem da minha irmã: eu estaria bem sem proteção, só queria que ela ficasse boa logo.

Na sexta-feira, a Alice saiu da cama pela primeira vez. Era aniversário do meu pai – que nasceu no mesmo dia de sua mãe. Logo cedo, o Facebook sugeriu dar parabéns à minha vó. Faz quatro anos que ela se foi, mas seu perfil continua ativo. Chorei desoladamente ao ver sua foto. Pedi desculpas por não pensar tanto nela e expliquei que ainda dói demais.

No sábado, alugamos um caiaque e eu remei com toda força, aliviando as tensões acumuladas da semana. No domingo, passeamos com a Matilda e mergulhei os pés na lagoa, deixando levar o que ainda restava. No fim de tarde, tomei um longo banho, assistindo pela janela ao sol se pôr atrás do morro.

A Terra expirava ao fim de mais um dia. Enchi o pulmão e fiz o mesmo – soltando o ar lentamente. Tudo estava bem.

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