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Bariloche é uma cidade enorme perto dos vilarejos que vínhamos ficando. Tem ruas movimentadas, muitas lojas e muitos turistas. No verão, o turismo é mais local (basicamente argentinos e chilenos), já no inverno dizem que os brasileiros dominam por lá - tanto que estranhavam quando explicávamos que éramos do Brasil.


Chegamos num Airbnb decepcionante. Nosso apartamento era no sexto andar, mas o elevador estava quebrado e a calefação e a água quente também (apesar de ser verão, fica bem frio de noite). Tentamos ficar, mas no dia seguinte resolvemos procurar algo melhor.


Encontramos uma casinha pequena e aconchegante, num bairro cheio de árvores e flores. Foi lá que passamos o Natal. Só nós cinco. Compramos uma massa fresca pra ceia e doce de leite com sorvete pra sobremesa. Assistimos um filme de Natal espremidos no sófa e fomos dormir bem cedo.


Nos dias seguintes, desbravamos a região e, mais uma vez, me surpreendi com a beleza! Passamos por prainhas, subimos em mirantes, fizemos trilhas, fomos em restaurantes e amamos ver as pessoas curtindo o calorzinho nos lagos - andando de caiaque, tomando sol nas pedrinhas e mergulhando nas águas congelantes.


Vou admitir que fica uma vontadezinha de imitar os brasileiros e voltar no inverno, mas já adianto que não sei se vou gostar mais do que no verão.

 


Saímos do Chile e atravessamos a fronteira pra Argentina. Ficamos um tanto apreensivos porque o caminho demorou mais que o esperado e a alfândega tinha horário para fechar. Quem não conseguisse passar precisava dar a volta e dirigir algumas horas até o hotel mais próximo. Mas deu tudo certo!


Chegamos em Villa la Angostura já de noite e acordei um tanto desanimada - achando que nada seria tão bonito quanto o Chile. Estava enganada! Villa la Angostura é rodeada de montanhas verdes com lagos multicoloridos e casinhas muito charmosas. Por ser mais úmida, a vegetação é mais vibrante e a cor da água também.


Pegamos empanadas para almoçar e fizemos um piquenique na prainha de um lago congelante. Ficamos ali se esquentando no sol e fazendo a digestão. Depois, subimos por uma trilha até o alto de um morro, onde dava pra ver uma vista maravilhosa.


Na descida recebi uma das notícias mais tristes da minha vida: a partida de uma amiga do coração. Fiquei muito abalada e confusa sobre como sentir algo tão doloroso durante um momento tão feliz. Até o fim da viagem, a lembrança dela me acompanhou por onde quer que fosse. Entre lágrimas e sorrisos, desejava que toda aquela beleza a alcançasse e lhe trouxesse amor e paz.


Em um desses momentos, lhe escrevi uma carta:


Querida amiga,


Por uma tremenda sorte do destino, a vida nos uniu. Passamos a infância grudadas: brincando juntas, rindo juntas, crescendo juntas. Quanto de mim era você e quanto de você sou eu. Tínhamos grandes planos pro futuro: seríamos vizinhas, em casas com quintal e cachorro, e nossos filhos seriam melhores amigos, assim como nós éramos. Mas, o mesmo destino que nos uniu, também nos distanciou...

Tantas cartas te escrevi e você me escreveu - e agora te escrevo essa, na esperança que te encontre onde você estiver. 

Querida amiga, desejo que um arco-íris te carregue para um lugar onde possa descansar à sombra das árvores. Onde o sol te esquente. A chuva te refresque. A terra te nutra. O vento te acaricie. E onde o amor de todos que te amam te ilumine tanto que brilharás para sempre como uma estrela lá no céu.


Te amo. Para sempre.

 


Talvez esse tenha sido um dos dias mais incríveis da minha vida. Incrível ao pé da letra mesmo: durante grande parte do tempo, eu não conseguia acreditar no que estava vendo.


Começamos subindo até a base do vulcão Osorno. Já disse que achei vulcões hipnotizantes, mas chegar tão perto de um é de tirar o fôlego. Talvez por conta da altitude - mas, com certeza, não só por isso. Estar tão perto de um vulcão é de uma grandiosidade e energia sem igual. Difícil de explicar.


Até um pedaço subimos de carro, depois caminhamos por pedrinhas vulcânicas que mais pareciam a superfície da lua. De um lado, dava pra ver topo do Osorno cada vez mais próximo e, de outro, lagos e a Cordilheira dos Andes. Subimos até tocar na neve e descemos maravilhados com o que havíamos acabado de presenciar.


Do Osorno seguimos para os Saltos de Petrohué. À primeira vista, parecia um parque nacional qualquer. Entramos por uma trilha cercada de árvores até chegar numa clareira. Ali tudo mudou. Avistamos um rio iluminado de azul turquesa, com forte correnteza, escorregando pelas pedras, formando cachoeiras e cascatas. De um lado árvores se equilibravam num paredão imenso e do outro um vulcão emoldurado pelo céu azul. Sério. A natureza é surreal.


Naquela noite, até passei meio mal. Acho que de emoção.





 
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