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Toda quarta de manhã, vou na feirinha orgânica da UFSC. Sempre fico maravilhada com a variedade de frutas, legumes e verduras que tem por lá e acabo enchendo a sacola com um pouco de cada – mesmo aqueles que mal sei o nome. Depois passo a semana adaptando receitas de livros e da internet pra usar tudo que tenho na geladeira.

Domingo foi dia de dar um fim no brócolis e na cenoura. Misturei com um restinho de shitake e fiz um quiche. Ficou tão leve e saboroso que quase não sobrou pro jantar. 🙂



Quiche Integral de Brócolis, Cenoura e Shitake

(serve 2-3 pessoas)

Massa:

2 xícaras de farinha de trigo integral

1/2 xícara de manteiga

3 colheres de sopa de água gelada

1/2 colher de sobremesa de sal


Creme:

1 xícara de creme de leite

2 ovos

50g de queijo ralado

1 colher de chá de sal

noz moscada

pimenta do reino


Recheio:

cenouras picadas

brócolis

shitake seco


Ferva água e despeje no shitake seco. Deixe hidratando. 

Misture bem a farinha integral, o sal, a manteiga e a água até a massa ficar bem ligada. Faça uma bola, enrole em filme plástico e coloque na geladeira por 30 minutos.

Enquanto isso, cozinhe o brócolis e a cenoura até ficarem macios.

Bata todos os ingredientes do creme no liquidificador.

Escorra o shitake.

Retire a massa da geladeira e abra numa forma circular de 20cm untada. Coloque o recheio em cima e depois o creme. Leve ao forno pré aquecido por 40 minutos – em temperatura média alta, ou até o recheio estar firme e dourado.














Fim de semana passado, fomos visitar as avós do Dudu em Bom Retiro, na serra catarinense. Saímos logo depois do almoço – quando o sol brilhava forte num céu sem nuvens. Com os olhos fechados pra me proteger da claridade, acabei dormindo embalada pelas curvas. Quando acordei, a cidade havia ficado pra trás e a estrada subia cada vez mais alto. O topo das montanhas estava coberto por uma densa neblina e o ar que entrava pelas janelas era puro, úmido e refrescante.

Estar em Bom Retiro é um exercício de desaceleração. Lá não tem internet, nem TV a cabo. O tempo passa mais devagar e é ditado pelas refeições e missas na igreja. As conversas se estendem sem pressa e muitas vezes remetem a um tempo que já passou. As noites são ainda mais lentas, e se antes isso me angustiava, agora me entrego ao sono antes das dez e acordo revigorada no dia seguinte.

As duas avós do Dudu moram na mesma rua e têm um quintal cheio de frutas, legumes e verduras. Dessa vez colhemos cenoura, espinafre, limão, laranja e couve. Saímos pra passear pelas estradas de terra e, quando a chuva chegou, continuamos em frente – porque estava bonito demais pra voltar pra casa. Sempre me questiono como seria viver em meio a tanta natureza. Tomar café da manhã na soleira da porta olhando pras montanhas cobertas de araucárias. Ainda gostaria de tentar. 🙂










Há alguns meses, minha família resolveu ficar na Inglaterra mais tempo que o planejado – e eu sabia que era a minha hora de partir. Por mais incrível que estivesse sendo morar em outro país com pessoas que tanto amo, um pedaço do meu coração estava no Brasil. E era pra ele que eu queria voltar.

Não foi difícil decidir – difícil foi aceitar minha própria decisão. Tinha medo de sentir muitas saudades dos meus pais e das minhas irmãs, de perder momentos importantes, de ser uma mudança drástica demais. Me sentia culpada por não ficar até o fim – afinal, embarcamos juntos nessa. Mas eu precisava seguir meu caminho.

Depois de remarcada a passagem, os dias passaram voando. Viajei pra Escócia com a Alice, terminei meu curso, mudamos de cidade. Cada momento ficou ainda mais valioso, porque tinha data pra terminar. Listei tudo o que gostaria de fazer na Inglaterra antes de ir embora. Queria ter a certeza de que aproveitei ao máximo aquela experiência.

Chegou o dia em que não precisei do calendário pra saber quanto faltava até a partida. Meu coração doeu só de me imaginar no avião e ficou impossível conter as lágrimas. Elas vinham no banho, no carro, tomando café da manhã ou antes de dormir. Os outros membros da família também não conseguiam esconder a apreensão. Me abraçavam forte sem motivo aparente e nunca me deixavam sozinha. Às vezes eu queria que eles fossem um pouquinho mais chatos, só pra tornar menos dolorosa a despedida.

Dois dias antes da viagem, enquanto arrumava as malas, senti uma vontade súbita de estar com os meus pais. Fui até o quarto deles, deitei na cama entre os dois e chorei. “Quero muito ir, mas é tão difícil deixar vocês…” – disse. Naquela noite, coloquei pra fora todos meus medos e anseios e em troca recebi palavras de sabedoria e carinho. Dormi tranquila sabendo que estava indo, mas sempre teria pra onde voltar.

No aeroporto, abracei e beijei cada um diversas vezes – todos com os rostos molhados de lágrimas. Por alguns segundos, cogitei simplesmente ficar e não lidar com a dor de partir. Foi difícil lembrar dos motivos que me levavam pra longe da minha família. Repetia pra mim mesma que era o que eu queria e que não ia me arrepender. Eu precisava ser forte.

“Eu amo vocês!” – gritei do portão de embarque. Eles acenaram de volta. Sabia que também me amavam. E que iam continuar me amando de longe, de perto, de onde quer que fosse. Enxuguei as lágrimas, respirei fundo e passei pelo raio X. “Eles vão ficar bem. Eles têm uns aos outros.” – pensei comigo mesma. “E eu vou ficar bem, pois tenho eles sempre no meu coração.”

Lembrei que logo seria recebida no Brasil pelo Dudu – e uma onda de calor tomou conta de mim. Estava deixando quatro amores pra reencontrar outro amor. Um amor que estava ansioso por crescer e pro qual eu estava ansiosa por voltar. Esse era só o começo de uma nova fase da minha vida. E eu mal podia esperar pra vivê-la.



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