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Hoje partimos pra nossa primeira viagem de verdade na Inglaterra – com direito a dormir em hotel e tudo! Domingo é aniversário da Alice, e, pra comemorar, vamos assistir a um músico australiano que ela adora. O show vai ser em Birmingham, ao norte daqui.

Como nenhuma viagem com quatro mulheres é simples – nem aquela de só dois dias – temos malas espalhadas por todo corredor. Ontem à noite, passamos horas decidindo o que levar (“vai que chove?”, “vai que tá frio?”, “vai que chega uma onda de calor?”…), e hoje ainda não temos certeza. A cada minuto, alguém lembra de outra coisa com a qual não conseguiríamos viver sem.

Meu pai até tentou nos convencer da simplicidade da empreitada – argumentando que Birmingham é só duas horas daqui, que ficaremos pouquíssimos dias, que uma calça e três camisetas são suficientes… Mas ninguém deu muita atenção. E assim, hoje ele foi o último a acordar e o primeiro a anunciar o quão pronto está.

A julgar pelo desaparecimento das malas no corredor, acredito que, finalmente, chegou a hora de partir. A essas alturas, o que foi, foi, e o que não foi, tenho certeza que sobreviveremos dois dias sem. 😉








Novembro veio com florzinhas vermelhas de papel. De um dia pro outro, estavam à venda em todas as lojas da cidade, e pessoas passaram a usá-las como broches. “O que é isso?”, perguntei – meio envergonhada por não saber de algo que parecia tão óbvio. “É pra lembrar dos mortos nas guerras”.

Em 11 de Novembro de 1918, foi declarado o fim das hostilidades da Primeira Guerra Mundial. Na mesma data, no ano seguinte, Londres ficou em silêncio por dois minutos, em honra àqueles que morreram pelo seu país. Deu-se início a uma prática que é repetida há 93 anos em praticamente todas as ex-colônias britânicas – como Canadá, Austrália e África do Sul.

Na Inglaterra, a data é celebrada no segundo domingo de Novembro. Neste dia, estávamos a caminho de Stonehenge e, pelos vilarejos que passamos, vimos procissões de pessoas vestidas de preto com a florzinha vermelha – depois levadas ao monumento de guerra mais próximo.

A florzinha vermelha é uma papoula e tornou-se símbolo do Remembrance Day por causa de um dos mais famosos poemas de guerra: “In Flanders Fields”. Flanders é a região norte da Bélgica, que foi devastada na Primeira Guerra Mundial. O poema, escrito por um médico canadense em combate, fala dos soldados enterrados naquele mar de lama – onde nada mais crescia a não ser papoulas.










De segunda à sexta-feira, eu e meus pais fazemos aula de inglês. Como a escola fica no centro, estacionamos o carro um pouco longe e andamos até lá.

Numa terça-feira chuvosa, havia uma surpresa no caminho: entre recicláveis e orgânicos, um bichinho de pelúcia cor-de-rosa no lixo da calçada. Ele estava ali, tão sujinho e sorridente, que não resisti e trouxe-o comigo.

Foi a felicidade da Nina, que logo tratou de dar-lhe banho e enturmá-lo com os novos amigos. 

Rolou uma dúvida se era macho ou fêmea, coelho ou cavalo. No fim declaramos ser uma jumentinha chamada Bela. Ou seria Bella, pra soar mais inglês? 😉

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