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Faz um mês e meio que chegamos à Inglaterra, mas essa é a primeira semana que me sinto realmente morando aqui.

Antes parecia uma viagem a trabalho – tínhamos hora pra acordar, compromissos, prazos e problemas. Quase não sobrava tempo pra conhecer a cidade e relaxar. Alternávamos entre imobiliárias, bancos, concessionárias, seguradoras e escolas. Lidávamos com assuntos complicados, em uma língua que não é a nossa e num país com costumes diferentes.

Como meus pais ainda não se viram no inglês, tive que ser a porta-voz da família. Foi um estágio pra vida. Aprendi tudo o que é importante na hora de escolher uma boa casa, comprar um carro, abrir conta no banco,  fazer um seguro, decidir por uma escola e assinar um contrato.

Descobri que por mais preparado que se esteja, nem sempre tudo sai como planejado.  Tivemos muita dificuldade em transferir dinheiro do Brasil pra cá simplesmente porque o sistema caia ou era feriado em algum lugar do mundo.

Me frustrei a perdi a paciência mais vezes do que gostaria. Chorei de cansaço, de saudades, de raiva. Tive a ponto de desistir. Mas daí, mesmo naqueles dias em que tudo estava dando errado, meu pai fazia uma palhaçada e minha mãe começava a cantar. E eu sabia que tudo ia ficar bem. 🙂


– A gente não fica com outras pessoas, né?

Foi com essa pergunta que, há exatamente sete anos atrás, começamos nossa vida oficialmente juntos.

– Eu não fico. – respondi.

E como ficaria? Todos os espaços da minha cabeça e coração já estavam ocupados por você…  A pergunta parecia boba, mas meu estômago revirou de excitação diante do que poderia significar. Não era um pedido de namoro – era a confirmação de que estávamos na mesma sintonia, o passe livre pra se entregar, o marco de uma nova fase.

Às vezes me questiono se aos 17 anos já sabia a dimensão do que estava vivendo. Talvez não, mas havia sinais. O jeito como queimava por dentro quando nossos olhos se encontravam. O arrepio que subia quando seu dedo encostava no meu. A vontade de ir até a lua quando você sorria pra mim. Os sinais mudaram, mas ainda estão aqui. Hoje com um olhar eu sei o que está sentindo, com um toque sei que me ama, e com um sorriso sei que estamos juntos nessa.

– E você? Fica? – perguntei.

– Também não. – respondeu aquele que há sete anos é meu melhor companheiro, meu melhor amante e meu melhor amigo.

Bristol nos recebeu muito bem. Logo no primeiro dia estava sol e um calor de quase 30 graus!

Nossa primeira missão foi encontrar um adaptador pras essas tomadas loucas daqui, e depois saímos pra conhecer a cidade. Já em ritmo europeu, compramos sanduíches e suco em um supermercado e fomos ao parque mais próximo montar nosso piquenique. Pra minha surpresa, muitas pessoas estavam fazendo o mesmo. Eu até esperava encontrar alguns turistas e jovens, mas não famílias inteiras de ingleses sentadas na grama comendo de garfo e faca! 🙂

Esse parque se chama Castle Park e fica nas margens de um rio que corta a cidade. Como o nome já diz, nele tem um castelinho, que foi construído no final do século XI.

Continuando o passeio, fomos parar numa feirinha no centro da cidade onde tinham várias barraquinhas vendendo comidas de diferentes países. Pena que não estávamos com fome…

Mas a grande aventura do dia foi dirigir do lado contrário… Na verdade só o meu pai dirigiu, mas todas participamos como se estivéssemos no volante. A cada “pai, você tá na contramão!!!” eram gritos, apertões e dores de barriga. No final, estávamos todos tão exaustos que só conseguimos pensar em voltar pro hotel e dormir.

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