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  • 29 de mar. de 2016

Você me dá boa noite e vai dormir. Eu demoro pra deitar e, quando levanto, você não está. Almoçamos conversando sobre os trabalhos da manhã e os planos da tarde. Assistimos à lua passar cada um no seu computador. As contas pra pagar, a roupa suja no cesto, o mofo no rejunte do banheiro – o maior desafio de morar junto é a distância entre nós dois.

Sem que percebamos, nosso pequeno apartamento cresce e os joelhos não se batem mais na cama apertada. Você sai pra andar de bicicleta e eu não faço questão de ir também. Eu assisto a um vídeo na internet e você não pergunta o que é. Se esticar o braço podemos nos tocar, mas isso não nos traz de volta. Estamos tão perto e tão longe.

O tempo passa e a angústia cresce: “será que nos perdemos?”. Mas a distância não é necessariamente ruim – ela dá espaço para amadurecer. Eu aprendo sobre mim e sobre quem quero ser. Aprendo que a vida são fases e a respeitar as minhas, as suas e as nossas. Aprendo a ter paciência, porque sei que logo vem a melhor parte: aquela em que me reapaixono por você.

Na sexta-feira de feriado, uma chuva nos induziu ao sofá – e não demorou para acontecer. Sabemos muito bem o caminho que leva a nós dois. Deito minha cabeça na curva do seu peito e sua mão descansa na minha cintura. Nossas pernas se entrelaçam, a gente se olha e sorri. Eu me vejo nos seus olhos – e sei que, mesmo longe, nunca saí dali.

De repente, tenho 17 anos outra vez. Meu coração acelera, os pelos arrepiam e a alegria parece não caber em mim. Os momentos simples se tornam os mais valiosos – nada é chato nem sem graça, desde que seja com você. Te acho a pessoa mais incrível do mundo e eu a mais sortuda por estar ao seu lado.

Há três anos dividimos o mesmo teto, dormimos na mesma cama e cozinhamos no mesmo fogão. E quando você me fala que “hoje foi tão bom, porque a gente ficou junto”, sei exatamente o que quer dizer: que estar próximo não significa estar junto, mas que juntos somos melhores – porque juntos somos completos.

 
  • 24 de mar. de 2016

Numa sexta-feira quente e ensolarada, enchemos o carro de comida e tralhas e partimos rumo às nossas férias de verão. Florianópolis é um pouco intensa na temporada e por isso fugimos para Ibiraquera, mais ao sul. Alugamos uma casa pequena e aconchegante, num pedaço de paraíso entre a lagoa e a praia.

Por lá, todo dia era igual – e todo dia era perfeito. Logo cedo, nos juntávamos a outros sonolentos para uma aula de ioga, alongamento ou meditação. De volta em casa, tomávamos café da manhã e caminhávamos pela água morna da lagoa até chegar na praia. No fim de tarde, remávamos de stand up, assistindo ao sol sumir no horizonte.

Numa noite, enquanto jantávamos pizza, uma tempestade chegou de repente. A chuva, o vento e os raios entraram no palco de uma só vez, forçando o enredo direto ao clímax. A potência era tanta que acabou a luz e a água invadiu o restaurante. Apesar do caos, a pizza estava deliciosa – comemos com os pés pra cima e rindo da situação.

No último dia, o sol pintou as nuvens de vermelho. Foi o entardecer mais bonito que já vi, mas não consegui senti-lo. Medos antigos invadiram minha mente, fechando os olhos do coração. Esse ano tem sido de profundo autoconhecimento. Desliguei o piloto automático e percorro um caminho inexplorado, a bordo de um veículo que ainda não aprendi a pilotar. Às vezes sigo confiante, em outras faço um desvio e encontro meus fantasmas – que ignoram que estou de férias e embarcam comigo por mais um trecho.

Frustrada com sentimentos indomáveis, fiquei na praia até o céu apagar. Foi quando percebi que algo estava aceso. Era a esperança – que, mais teimosa que o medo, me avisa é preciso se entregar. Afinal, só há um momento para ser feliz, e esse momento é agora.

 
  • 14 de mar. de 2016

(Depois de Aimorés, segui com a minha irmã para visitar as cidades históricas de Minas Gerais)

Na primeira subida, me dei conta que essa não seria uma viagem relaxante. Ouro Preto é uma grande ladeira e requer pernas muito mais em forma que as minhas sedentárias. Na primeira descida, descobri que pra baixo é pior que pra cima. Evitar uma queda demanda – além de força – muita atenção. Não é à toa que as pedras das calçadas são chamadas de pedra-sabão…

Tive a impressão que Ouro Preto é diferente para cada um que passa por lá. É como se a cidade pudesse ser o que você precisar: romântica, agitada, aventureira, melancólica. A minha Ouro Preto foi repleta de história e contemplação. Quando não estávamos visitando museus e igrejas, sentávamos em algum banco e olhávamos ao redor, admirando a paz das montanhas e a beleza das construções.

Mas, como um ex-soldado que grita os horrores da guerra enquanto dorme, Ouro Preto tem algo que não consegue esconder. Assim que chegamos, fui tomada por uma angústia que me acompanhou até o fim da viagem. Em uma noite, acordei apavorada, suando frio e tremendo. Não conseguia lembrar de ter tido um pesadelo. Acho que foram os séculos de sofrimento e injustiça que estão guardados naquelas minas e porões.

Hospedagem: ficamos no albergue Goiabada com Queijo. São três quartos com beliches, uma cozinha e sala comunitárias, dois banheiros e três chuveiros. Foi muito divertido. Trocamos ideias com canadenses, holandeses, franceses, chineses e brasileiros. A dona, a Lidi, tem um astral inabalável e é super parceira. Saímos para jantar com ela uma noite e foi como se nos conhecêssemos há tempos!

Comida: recomendo a pizzaria O Passo (o lugar parece chique, mas as pizzas não são tão caras) e a sopa de abóbora da chocolateria e cafeteria Puro Cacau. Para beber, a cerveja Ouropretana. Já o melhor pão de queijo que provei foi o da rodoviária. 🙂

Passeios: meus preferidos foram o Museu do Oratório, Museu da Inconfidência, passeio de trem até Mariana e o pôr do sol visto da Igreja Nossa Senhora do Carmo.

 
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