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  • 14 de jul. de 2013








Uma vez me disseram que quando fazemos uma viagem longa, nosso espírito demora três dias pra chegar. No trajeto Inglaterra-Brasil, o meu demorou ainda mais. Durante uma semana, foi como se estivesse exausta da noite mal dormida no avião. Mas sabia que não era só isso. Sabia que o que estava sentindo era mais que falta de sono – era um vazio no coração.

Assim que cheguei, mudei com o Dudu pro apartamento de praia dos pais dele. Arrumamos a casa do nosso jeito e com as nossas coisas, exatamente como havíamos sonhado. O problema era que eu não me sentia ali. Ficar longe da minha família estava sendo mais difícil do que imaginei. Tentava não pensar no oceano entre nós, no tempo que demoraria pra vê-los outra vez e no quanto minha vida havia mudado. Ainda assim, a ideia de desfazer a mala me dava vontade de chorar.

Nos próximos dias, flutuei pelas horas e situações, respondendo apenas a demandas imediatas: o que comer, que horas acordar, o que vestir. Qualquer reflexão mais profunda me tirava o ar. Às vezes, quando estava especialmente distante, pedia desculpas ao Dudu – logo voltaria a ser eu mesma. Ele me olhava com carinho e dizia: “Eu sei, amor. Fica tranquila”.

Até que numa noite, enquanto rolava na cama acordada, o Dudu me puxou pra perto e eu me deixei levar. Aninhada em seus braços, me entreguei a um sono profundo. No dia seguinte, tirei as roupas da mala e arrumei-as no armário. Agora aquela era a minha casa. E eu estava preparada pra isso.

 

Toda quarta de manhã, vou na feirinha orgânica da UFSC. Sempre fico maravilhada com a variedade de frutas, legumes e verduras que tem por lá e acabo enchendo a sacola com um pouco de cada – mesmo aqueles que mal sei o nome. Depois passo a semana adaptando receitas de livros e da internet pra usar tudo que tenho na geladeira.

Domingo foi dia de dar um fim no brócolis e na cenoura. Misturei com um restinho de shitake e fiz um quiche. Ficou tão leve e saboroso que quase não sobrou pro jantar. 🙂



Quiche Integral de Brócolis, Cenoura e Shitake

(serve 2-3 pessoas)

Massa:

2 xícaras de farinha de trigo integral

1/2 xícara de manteiga

3 colheres de sopa de água gelada

1/2 colher de sobremesa de sal


Creme:

1 xícara de creme de leite

2 ovos

50g de queijo ralado

1 colher de chá de sal

noz moscada

pimenta do reino


Recheio:

cenouras picadas

brócolis

shitake seco


Ferva água e despeje no shitake seco. Deixe hidratando. 

Misture bem a farinha integral, o sal, a manteiga e a água até a massa ficar bem ligada. Faça uma bola, enrole em filme plástico e coloque na geladeira por 30 minutos.

Enquanto isso, cozinhe o brócolis e a cenoura até ficarem macios.

Bata todos os ingredientes do creme no liquidificador.

Escorra o shitake.

Retire a massa da geladeira e abra numa forma circular de 20cm untada. Coloque o recheio em cima e depois o creme. Leve ao forno pré aquecido por 40 minutos – em temperatura média alta, ou até o recheio estar firme e dourado.

 
  • 8 de jul. de 2013













Fim de semana passado, fomos visitar as avós do Dudu em Bom Retiro, na serra catarinense. Saímos logo depois do almoço – quando o sol brilhava forte num céu sem nuvens. Com os olhos fechados pra me proteger da claridade, acabei dormindo embalada pelas curvas. Quando acordei, a cidade havia ficado pra trás e a estrada subia cada vez mais alto. O topo das montanhas estava coberto por uma densa neblina e o ar que entrava pelas janelas era puro, úmido e refrescante.

Estar em Bom Retiro é um exercício de desaceleração. Lá não tem internet, nem TV a cabo. O tempo passa mais devagar e é ditado pelas refeições e missas na igreja. As conversas se estendem sem pressa e muitas vezes remetem a um tempo que já passou. As noites são ainda mais lentas, e se antes isso me angustiava, agora me entrego ao sono antes das dez e acordo revigorada no dia seguinte.

As duas avós do Dudu moram na mesma rua e têm um quintal cheio de frutas, legumes e verduras. Dessa vez colhemos cenoura, espinafre, limão, laranja e couve. Saímos pra passear pelas estradas de terra e, quando a chuva chegou, continuamos em frente – porque estava bonito demais pra voltar pra casa. Sempre me questiono como seria viver em meio a tanta natureza. Tomar café da manhã na soleira da porta olhando pras montanhas cobertas de araucárias. Ainda gostaria de tentar. 🙂

 
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